quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Harmonia


Fico pensando como tudo na vida é passageiro e incostante, como tudo muda, assim:num piscar de olhos.
Em abril deste ano de 2010, meu pai 88 anos já adoentado teve febre, e a descoberta de uma pedra na vesícula,começou os tormentos,as dores,as preocupações e o assombro do médico dele que nos alertava para que tivessemos cuidado, pois ele não aguentaria 2 dias numa UTI.
Mas ele foi para a UTI e ele aguentou 5 dias e saiu de lá, feliz, contente, mais magro e debilitado e dizendo a minha irmã que brincava com ele que chegaria aos 90 anos, ele, mesmo com seu alzaimer disse: Aos 89 está bom!
Toda aquela debilitação precisou de cuidados, eles não aguentava mais andar só,e eu fui ficar com ele na parte da manhã junto como meu filho Hugo
Foram 4 meses de aprendizado, aquele homem que me criou e que me ensinou valores, que me fez sorrir quando chorava pois era a única adolescente a não ter um namorado...agora se colocova na posicão inversa.
Era eu nas partes da manha, sua filha caçula que, chegava as 07:20 e já o acordava com panos úmidos no rosto para despertar, dava seu café da manhã, o levava para o banho, assoava seu nariz, trocava suas fraldas e cantava as músicas que o fazia recordar do seu passado,dava seu almoço, sua sobremesa e achava que ele podia tudo, naquela altura da sua vida.Fi aí que aprendi a fizer: EU TE AMO viu!Quanto tempo perdido de não ter dito isso com ele sem sua demência.
Neste tempo ao seu lado, percebi o tanto que a vida é efêmera, o tanto que valorizamos coisas pequenas, o tanto que nossos valores foram sendo modificados, como nossas prioridades se perderam por aí, como deixamos de ser felizes por ter, ter, ter ... mesmo sabendo que tudo que temos para nosso conforto material (também luto por eles) ficam aí ninguém leva nada desta busca desenfreada quando voltarmos para casa...
Não percebemos que o melhor da vida está na nossa harmonia interna e familiar, está no aconchego da casa(mesmo ela sem pintura externa,sem o móvel da moda, nos portas retratos e pratos combinando) no abraço do filho quando chega do trabalho, no amor que damos, no domingão abraçado com seu amor numa cama preguiçosa...num olhar, num beijo...num momento de entrega e troca.
Brigamos pelo vil metal, passamos por cima da nossa própria paz e felicidade para não dividir o que ganhamos, ficamos em relacionamentos fracassados por medo de mudar, medo de dividir, medo de tentar e buscar o que é melhor ...o amor, a única coisa que vamos levar!
E o pior,deixamos nossos filhos presenciar tudo isso pensando ingenuamente que eles não percebem,eles nos copiaram e levaram esta sequência de valores distorcidos, essa busca desenfreada de ter..ter e ter...essa falta de sapiência de sair de um ralacionamento seja ele :amizade, noivado, casamento, trabalho por apegos...por medos e covardias...por falta de amor próprio!
As pessoas competem entre si até entre as pessoas que elas dizem amar, competem em casa, no trabalho, na casa melhor, no celular de última geração, no colégio do filhos ( errado não é ter, é a forma para que se quer ter)
Passamos pelos sentimentos cegos, priorizamos quem e o que tinhamos que deixar para opção e deixamos como opção o que e a quem deveríamos priorizar, temos medos:medos de amar, se dar, de trocar, de carinho, de mostrar, de ser, de parecer um bobo.
A tolerânica acabou, não temos mais paciência para ouvir, demonstrar cuidado, dialogar,fazer um carinho, para o trânsito, a fila do pão, o médico, esperar uma resposta, pq o tempo hoje ele vale o vil metal.
Assim fui vendo meu pai, passar por tudo isso e no final de outubro, entrar na UTI de novo e dos dois dias que o médico dele que tornou a dizer que ele não aguentaria 02 dias,se tornarem 10, 20 passando por derrames, ataques cardíacos, falência de rins e no 25º dia em seu estado gravissimo , seu semblante estava sereno,tranquilo, e ele completando seus 89 anos de vida!
E aí fui refletir na minha vida, nos meus 46 anos e então pude perceber que não me arrependo de ter terminado um casamento de 21 anos se eu não era feliz nele,não era valorizada, cuidada; de estar ainda numa casa sem pintura externa, mas dentro dela ter o aconchego do amor de meus filhos.
Sim amor pq ainda desempregada, correndo para conseguir me manter eles me dão o abraço,o aconhcego ,deixam de sair em respeito ao avô no hospital para ficarmos juntos tentando superar a dor dessa possivel perda, de estarmos juntos num colchão na sala mas rindo, e feliz...sim feliz, pq a felicidade está dentro de cada um.
Eles querem minha presença numa viagem, eles querem me levar para uma balada, eles quererem que eu arrume um novo amor e siga minha caminhada...
Amor por dividirmos uma pizza para não bagunçar o orçamento...mas sorrimos, abraçamos, estamos juntos, deitamos num mesmo lugar, estouramos pipoca e assistimos a um dvd... pq temos o principal...o AMOR...
Não me arrependo de ter procurado mais, cuidar de meu espírito, de minha essência ... esperando ser e estar forte para o que vem por ai!
Ainda temos muito que aprender nesta vida...ainda temos muito que aprender ...a crescer...a evoluir...a ser... a amar...a cuidar
Espero conseguir!

23/11/2010

Um comentário:

  1. E ele Mel, de onde e quando estiver, vai sempre se orgulhar de ter passado a você todos esses valores lindos. Parabéns minha amiga!!!
    bjos

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